Capítulo LV ou Absinto

Capitu! Ah! Bela minissérie...perfeitamente trite, com os fumos da solidão em que mete-se o psicótico narrador. Não creio que ele tenha amado Capitu, nunca! penso que era apenas uma obsessão, quiçá a necessidade de se fazer 'Homem' (como brada ardentemendo por dar uma bitoca na capitu) para fugir ao seminário, quiçá por quaisquer outros motivos. Penso que ele amou sim, Escobar. Capitu demonstrou ciúmes na cena em que ela o vê pela primeira vez, e depois olha para um caminhante 'que passava por ali às tardes' a fim de causar ciúmes ao homem que, ao meu ver, ela amava...e amou até o fim, apesar do seu casamento de fachada com um maníaco desesperançado, que na esperança de, dividindo a solidão, diminuir seu fardo de culpa por ter destruído a própria vida, convencer o leitor de que ele era uma boa pessoa, que foi usado e destruído por uma dama de olhos de ressaca. Coitado.

Outra linha de pensamento seria que ele não era homossexual, mas que nunca amou de verdade Capitu, e que foi consumido por uma obsessão que ele acaba confundindo com ciúmes, e acaba ainda mais doido que o começo, confundindo a realidade - vendo em tudo indícios de traição...quem sabe isso não tem a ver com ele mesmo tendo pensado de outra forma em sancha? Quem sabe?

A final, dizem que o livro deixa uma grande interrogação, a jamais ser desvendada. Penso diferente, penso que o livro se deixa aberto a uma interpretação, e que a verdade do livro é uma por leitor. Depois, talvez, escreva minha teoria sobre a multiplicidade da gente, não que iso tenha realmente a ver com o tópico...

Bom, de volta à minissérie pra fazer uma única consideração, que digo no estilo de José Dias. Não sou do tipo que detesta alguma mídia, penso que toda mídia é boa, o que é ruím é o espectador, que pode se deixar 'corromper' ou 'influenciar' ou não, bah! vamos á consideração e ao poema: parabéns globo, pela grande minissérie teatralíssima

Capitu e o absinto

ó flor do céu, ó flor cândida e pura!
musa e fada de minha mocidade
de alma cândida, cheia de doçura!
sempre dona da verdade...

Não sei quando minha musa virou quimera
quando a minha fada tornou bruxa
Um passo em falso, um piscar de olhos e já não sei mais que era...
Só não era minha pequerrucha.

Mas e se meus ciúmes eram pura fantasia...então?
Então tudo que pensei naquele momento
...apenas sonho, de uma noite de verão!

e o desespero que sinto não existe que equivalha
Capitu e o absinto
Ganha-se a vida, perde-se a batalha

Ganha-se a vida, vive-se para escrever um livro. Perde-se a batalha, perdem-se os amigos, perde-se o amor, perde-se o filho, perde-se a si mesmo. "E essa lacuna é tudo"

Cuidado! Conteúdo "psicografado"!